Não sei já porquê mas a nota no caderno era para vir aqui lembrar a diatribe heinleiniana sobre a “especialização ser para os insectos” mas parece que a idéia fugiu para tão longe que já nem sei em que direcção ela foi.
No entanto uma outra nota da aula de hoje:
“Ter um computador que diz qual a doença e com que remédios a tratar não adianta muito se o “paracetamol” mais próximo estiver a 5000 quilómetros de distância!”
Isto vem a propósito de ser ter falado da assimetria de conhecimento (e da produção científica) e do facto de ser uma assimetria norte sul. Daqui vêm duas outras coisas à cabeça:
- O abismo digital resolve-se pela resolução do abismo económico
- A média de assinaturas de revistas científicas nos hopitais africanos é 1
A primeira sei que vem de uma multitude de fontes, entre elas o pessoal do projecto BiblioRede chileno. A segunda é que só encontro o documento sonoro da conferência Open Access to Scientific and Technical Information: State of the Art and Future Trends
Diz a Barbara ARONSON, (WHO, Project Manager, HINARI (Health InterNetwork Access to Research Initiative)) que há 75 países no mundo onde o PNB é menos de 1000 € / capita / ano! Outros 47 países onde o PNB é entre os 1000 e os 3000 € / capita / ano!
A actividade científica nestes países:.. há alguma? Sim há.
Qual a situação em termos de informação nas universidades, hospitais e outros centros de investigação? No primeiro grupo ( 75 países) 56% das instituições médicas não têm uma única subscrição de revistas científicas ( e há pelo menos cinco anos que não têm). Outros 21% têm entre 1 e 2 assinaturas .
No segundo grupo, 34% não tem qualquer assinatura e outros 34% têm não mais de duas assinaturas!
Portanto a situação não é tão negra como a citei… é pior!